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Confira aqui informações relevantes de mercado.
15/04/2020
Mesmo com o mundo em crise, ainda existem aqueles setores que se beneficiam – e aqueles que perdem bem mais que outros
A bolsa brasileira já perdeu R$ 1,25 trilhão em valor de mercado em relação as máximas de janeiro. Naquele mês, as empresas listadas na B3 tinham um valor de mercado combinado de R$ 4,56 trilhões. Em 10 de abril, esse número já era de R$ 3,31 trilhões.
Essa é a realidade em todo mundo, com as bolsas globais chegando a acumular perdas acima de US $25 trilhões, uma das maiores destruições de riqueza da história.
Mas mesmo com o mundo em crise, ainda assim existem aqueles que se beneficiam – e aqueles que perdem bem mais que outros. Segue uma lista parcial dos setores e empresas que foram mais impactados:
Uma das mais afetadas, essa indústria pode perder mais de US$ 250 bilhões de faturamento apenas neste ano.
Isso representaria a pior crise na história da indústria, mais grave até mesmo que a crise de 2008 ou a que veio após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Nesse contexto, empresas como American Airlines, Delta e United começaram a usar sua frota para transportar carga como fonte adicional de receita, de acordo com o The New York Times.
Com quarentenas, restrições a viagens e fronteiras fechadas, o jornal USA Today prevê que 25 mil hotéis nos EUA fecharão nas próximas semanas, o que corresponde a cerca de 45% de todos os hotéis no país.
A rede Marriott está tendo taxas de ocupação menores que 25% em seus hotéis nos EUA e não prevê melhora no curto prazo, principalmente se comparado a China, que durante o auge da crise, teve taxas de ocupação de apenas 5% em algumas regiões.
Os sites de reserva online estão enfrentando uma grande desvalorização com as novas reservas quase congeladas.
O valor de mercado de empresas como Booking e Expedia – proprietária do Expedia, Hotels.com e Trivago – já caíram mais de 40% e 60% respectivamente. Inclusive o próprio CEO da Booking Holdings, Glenn Fogel, foi testado positivo para o coronavírus.
Com o fechamento de restaurantes, a Associação Nacional de Restaurantes dos Estados Unidos estimou que a indústria vai perder mais de US$ 225 bilhões em faturamento apenas nos próximos três meses.
Para piorar, a indústria é uma das maiores geradoras de emprego e pode eliminar um total de até 7 milhões de empregos nos EUA.
Cheesecake Factory e Bloomin’ Brands – proprietária do Outback Steakhouse – já perderam, respectivamente, 60% e 80% do seu valor de mercado.
Motoristas de aplicativos, hosts de plataformas, plataformas de gigs e peer-to-peer estão sendo drasticamente impactados no curto-prazo pela covid-19.
Tanto a oferta quanto a demanda estão relutantes em usar esses serviços dado ao alto nível de exposição dos mesmos.
O entretenimento é uma das indústrias mais impactadas. Com eventos esportivos e shows cancelados e cassinos e parques fechados, a indústria está em standby.
A AMC e Cineworld, as duas maiores empresas de cinemas do mundo, tiveram quedas em valor de mercado de 70% e 80%, respectivamente.
A Brasileira Time For Fun (BVMF:SHOW3), responsável por eventos como a Stock Car Brasil e o festival de música Lollapalooza, teve uma queda de valor de mercado de quase 70% e tem o menor valuation de sua história, em R$ 139 milhões.
Uma pesquisa aponta que 44% dos americanos vão evitar aglomerações mesmo após a pandemia: uma má notícia para a indústria que depende de grandes públicos.
Após vários cruzeiros serem quarentenados e encontrarem dificuldades em atracar, a indústria quase parou e os principais players entraram em “modo sobrevivência”.
Gigantes como Disney, Carnival, Princess, Norwegian and Royal Caribbean – dentre várias outras – já anunciaram suspensão de suas as atividades. Entre elas, a Royal Caribbean e a Norwegian valem, respectivamente, apenas 14% e 18% do que valiam em Janeiro.
Com as restrições de circulação e comércio fechado, os shoppings estão quase inoperantes. Além do choque de curto prazo nas vendas de lojistas, é provável que eles enfrentem dificuldades em honrar seus aluguéis, o que forçará os shoppings a abrir exceções ou começar a encerrar contratos.
Nos dois cenários, o faturamento dos shoppings cairá muito durante o período, com risco de aumentarem consideravelmente sua vacância no pós-pandemia.
Com as restrições à viagens, comércio fechado e quarentena, o consumo de combustível diminuiu drasticamente, podendo chegar a uma queda de cerca de 20 milhões de barris por dia em abril.
Com a baixa demanda, vendas em postos de gasolina caíram em mais de 50%, e o preço do barril de petróleo foi de US$ 62 para US$ 22.
Dado o contexto, a Opep+, que inclui Rússia e Arábia Saudita, busca acordos para diminuir a produção e aliviar a pressão nos preços.
No mesmo raciocínio do grupo anterior, a restrição a viagens e pessoas trabalhando de casa diminuirá muito a necessidade de locomoção.
Assim, a indústria de transporte permanecerá atuando muito abaixo da capacidade no curto prazo, com uma recuperação gradual apenas após a retomada da circulação de pessoas.
O fechamento temporário de estabelecimentos como coworkings e academias, somados à necessidade de economizar durante esse período de incerteza, levarão a cancelamentos em assinaturas.
Isso causará um impacto não apenas durante o período de confinamento, mas também exigirá esforços dessas empresas para recuperar assinantes perdidos no pós-quarentena – o que já fez uma academia nos EUA, até bloquear o cancelamento de assinaturas.
Mudanças bruscas nos padrões de gastos do consumidor podem realocar mais de US$ 100 bilhões em vendas de restaurante para os canais de varejo, aponta um relatório da Barclays.
Assim, o fechamento dos restaurantes e o “panic buying” vão transferir gastos que iriam para restaurantes para supermercados. Embora de curta duração, isso pode representar de 32-60% em aumento nas vendas no trimestre, chegando a um aumento de 8-15% no ano.
Enquanto pessoas ficam em quarentena, os aplicativos de mídia social se tornaram uma alternativa ao isolamento.
Ligações pelo Facebook duplicaram desde o início da pandemia e número de mensagens trocadas por Facebook e Instagram aumentaram em mais de 50%. Só na Itália, chamadas em grupo aumentaram mais de 1.000%.
Após os picos de tráfego em suas plataformas, Mark Zuckerberg disse “estar apenas tentando manter as luzes acesas”.
De 10 milhões de usuários diários para mais de 200 milhões: esse foi o crescimento do Zoom, software de conferência online, nos últimos meses.
Com universidades, empresas e eventos se tornando online, plataformas como Zoom, RingCentral e Microsoft Teams se beneficiaram.
De uma maneira mais ampla, com o aumento do home office, soluções online se tornaram necessárias, com empresas como Slack e DocuSign se destacando.
Além disso, como é necessário VPNs para estabelecer conexões seguras com os servidores da empresa, companhias como NordVPN e AtlasVPN relatando um boom de 165% e 124%, respectivamente.
A demanda é tão alta que a Direxion lançara uma “Work-from-home” ETF para acompanhar o desempenho das empresas que se beneficiam da home office economy.
Num momento em que ir ao hospital não é aconselhável em casos leves, a telemedicina se tornou a solução ideal.
Desde o início da pandemia nos EUA o Amwell, aplicativo de telehealth, teve um aumento de 158% na utilização, enquanto o Plushcare, teve um aumento de 70% em seu faturamento.
Enquanto isso o governo brasileiro regulamentou temporariamente a telemedicina. Se ela se mostrar promissora, é provável que se seja mantida após a pandemia.
Com grandes variações em resultados, o food delivery começou como um dos ramos mais promissores após o surgimento da covid-19. No início do lockdown nos EUA, o número de pedidos cresceu 30% em apenas uma semana.
Mas na Europa, onde o lockdown já dura mais tempo, o Uber Eats teve uma queda em usuários diários de até 23% em março. Isso se explica pois os clientes recorrentes, que correspondem a mais de 90% das entregas, diminuíram a frequência de seus pedidos.
Apesar disso, as empresas que entregam compras de supermercado cresceram. A Instacart, por exemplo, teve um aumento de 218% no número de downloads diários.
Com as pessoas ficando em casa, as plataformas de vídeo streaming como Netflix, Hulu, Disney+ e Twicth.tv tiveram um boom em sua taxa de uso.
A Netflix, que atingiu seu recorde de transmissão, decidiu diminuir, temporariamente, a qualidade de seus vídeos na Europa diminuindo o consumo de internet.
Enquanto isso, a Twitch.tv teve um aumento de 23% em seu consumo em março, chegando a mais de 1,2 bilhão em horas de conteúdo transmitido.
Num período em que ficar em casa é quase obrigação, jogos online se tornaram um dos principais passatempos.
A Steam, uma das maiores distribuidoras de jogos do mundo, reportou mais de 20 milhões de usuários ativos em um único dia em março, o maior número na história da empresa de 16 anos.
A Telecom Itália reportou aumento de 70% do consumo de internet, principalmente devido a jogos online, enquanto a Verizon reportou um aumento de 75% do consumo de internet em gaming.
Nesse contexto, empresas como Activision Blizzard (ATVI) e Electronic Arts (EA) estão sendo grandes beneficiadas.
No final de março a Verizon reportou que a operadora estava fazendo 800 milhões de ligações wireless por dia, duas vezes a média diária do dia das mães, o dia mais agitado do ano.
Além do aumento no número de ligações, o tempo médio das chamadas aumentou em 33%.
Mas, apesar do aumento na utilização de mídias sociais, streaming, televisão, internet, e conteúdo, isso não quer dizer que o faturamento dessas empresas está aumentando.
Google, Facebook e Twitter, por exemplo, apesar de tráfegos recorde, estão tendo uma grande diminuição na demanda de anúncios.
O mesmo acontece com canais de TV, que aumentou o número de telespectadores mas estão tendo dificuldades em vender tempo de TV para anunciantes, como reportou o The Wall Street Journal.
Link da Matéria: https://www.infomoney.com.br/colunistas/matheus-tavares-dos-santos/de-sites-de-reserva-a-videogames-quem-sao-os-ganhadores-e-os-perdedores-da-crise/
Autor: Matheus Tavares dos Santos FONTE: InfoMoney
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